Agrada-te do Senhor, e Ele satisfará os desejos do teu coração. Salmo 37.4
O salmo 37 é um poema sapiencial (de sabedoria; com orientações práticas sobre como Deus quer que vivamos nossa vida) em forma de acróstico. Neste tipo de composição, as linhas ou estrofes iniciam, cada uma, com letras em ordem alfabética. Essa técnica, a exemplo do paralelismo, auxilia na memorização do ensino.
Todo o Salmo 37 mostra a perplexidade de Davi com toda forma de impiedade; trata da adversidade dos justos face a prosperidade dos ímpios. Ensina-nos a como viver no meio dos que odeiam o povo de Deus, e como devemos confiar nossos caminhos a ele.
O verso que abre este texto, e fonte de nossa consideração, fala sobre agradar-se no Senhor, ou seja, ter agrado em; ter prazer em; ter contentamento ou satisfação em;
Este verso fala sobre o resultado de nos agradarmos no Senhor. Fala-nos sobre a verdadeira e pura alegria! A alegria (lat. alacre) é um sentimento nobre. Diz-se da alegria ser um sentimento ou senso de contentamento; de júbilo e exultação; de felicidade íntima ou interior.
Ademais, este versículo é também uma promessa: Agradarmo-nos do Senhor há de satisfazer os desejos de nosso coração.
A questão é: O que é agradar-se do Senhor ? ou como nos agradarmos do Senhor ?
Este é um privilegio somente daqueles que o conhecem. Não podemos nos agradar - ou nos alegrar - com o que ou quem não conhecemos. Conhecer ao Senhor faz-nos desejar parecer mais com ele. Passamos a querer ter comunhão com o Senhor, e nos alegramos em sua presença.
Agradar-se do Senhor, pressupõe, portanto, um conhecimento íntimo dele e de sua obra. Este fato por si só há de gerar deleite em nossas almas.
Ao abrirmos a Escritura, ou ouvirmos a sua mensagem, e, iluminados pelo Espírito Santo, passarmos a conhecer a gloriosa verdade acerca de Deus, de Seu ser, seus atributos, sua vontade, suas obras, haveremos de ter deleite sem igual ! A Fé, meus irmãos, produz alegria em nossos corações.
Supor, portanto, que seguirmos o caminho do Senhor significa em "dolorosas austeridades, melancolias e tristezas" oriundas do fato de termos de nos "negar a nós mesmos" e "carregar a nossa cruz diariamente" é uma tolice; uma distorção do caráter da verdadeira e pura religião.
Afinal, temos de entender que "negar a nós mesmos" é um privilegio da graça, pois ao fazermos assim, negamos nossa natureza corrupta e pecaminosa; quando "carregamos nossa cruz", que é instrumento de morte, na verdade, estamos declarando que morremos para nós mesmos e para o mundo e vivemos em Cristo, "crucificando-nos a nós mesmos para o mundo e o mundo para nós".
As Escrituras estão repletas de ensinamentos que revelam-nos que a natureza da verdadeira alegria e felicidade plena, não está na ausência de sofrimentos ou dores, mas sim em estar na presença do Senhor e de meditar em sua Palavra.
Aliás, a prova de nossa alegria no Senhor vem de nossas lutas e provações (Tg. 1.2), pois desenvolve nossa fé; a resignação de nossos pais na fé (Elias, Davi, Jó, Paulo, etc) são incontestes evidências de que acolhiam com alegria e contentamento a providência de Deus em suas vidas; não que eles não tenham sentido a agudez dos sofrimentos e tristezas na carne; eles não se alegravam nas aflições em si mesmas, mas na capacidade de suportá-las que o Senhor lhes outorgava. Confiar na providência e apegar-se à sua Palavra arrefecia sua miséria e intensificava seu deleite nele.
Vejamos as seguintes passagens:
Salmo 40.8: "Agrada-me fazer a tua vontade, ó Deus meu; dentro em meu coração está a tua lei";
Salmo 119.47: "Terei prazer nos teus mandamentos, os quais eu amo".
Romanos 7.22: "Porque, no tocante ao homem interior, tenho prazer na lei de Deus";
I Pedro 1.8: "... a quem, não havendo visto, amais. No qual, não vendo agora, mas crendo, exultais com alegria indizível e cheia de glória";
Salmo 119.47: "Terei prazer nos teus mandamentos, os quais eu amo".
Romanos 7.22: "Porque, no tocante ao homem interior, tenho prazer na lei de Deus";
I Pedro 1.8: "... a quem, não havendo visto, amais. No qual, não vendo agora, mas crendo, exultais com alegria indizível e cheia de glória";
Tributar amor a Deus pelo que ele é, em si mesmo, já seria suficiente para nosso deleite eterno; ele, no entanto, concede-nos amá-lo e alegrarmo-nos nele pelo que ele é e pelo que ele está fazendo! As manifestações de suas glórias, tanto no céus como na terra, trazem perene deleite à sua Igreja, tanto aquela que triunfa como a que ainda milita.
Se, portanto, amaramos a Deus de todo o nosso coração, de toda nossa alma, com toda nossa força e entendimento, e, amarmos assim a sua santa, pura e perfeita Palavra, haveremos de experimentar tamanha alegria, que nem se pode mensurar, independente das circunstâncias.
É isto que o salmista está dizendo! Se nos agradamos de Deus (e tudo que esta sentença infere), haveremos de ter plena alegria nele. Nosso caminho será dele e o mais ele fará. Não precisamos nos preocupar com a injustiça à nossa volta, nem aquelas que contra nós é dirigida. Nossa atenção está voltada para ele, para ele somente.
Conhecer ao Senhor e amá-lo; amar a suas obras - que são a manifestação de sua sabedoria, bondade, poder ; amar a sua Palavra,isto é agradar-se do Senhor.
E, quanto mais nos "agradamos" do Senhor, tanto mais ele será o maior desejo do nosso coração!
O cumprir a Lei de Deus - satisfazer a sua vontade - será o desejo maior de nosso coração! A promessa consiste justamente em Deus nos fortalecer e colocar de lado nossos desejos ensimesmados, e nosso desejo passa ser o de obedecê-lo; de viver vidas santas e agradáveis a ele; nos conformarmos à sua estatura e imagem. Assim, o próprio Deus se compromete a realizar tais desejos, pois são para sua glória.
O Senhor Jesus Cristo, quando encarnou-se e viveu como homem, nutria em seu coração o desejo de glorificar ao Pai, e o Pai satisfez o desejo de seu coração (Jo 12.50; 17.4,5,24).
Qual é o desejo de nosso coração?
Cristo - Deus verdadeiro e homem verdadeiro - deu-nos sua vida na cruz do Calvário para que pudéssemos ter vida nele. À parte de Cristo, Deus nos seria por adversário e as Escrituras ecoariam condenação, mas nele, somos feitos filhos de Deus. Sua obra redentora concede-nos acesso ao Pai e é somente em Cristo que poderemos nos agradar do Senhor, e somente em Cristo que os desejos de nosso coração serão satisfeitos.
Nossa alegria consiste em estar em e conhecer a Cristo e ter comunhão com ele. Será este o seu caso? Você está alegre no Senhor ? Você se agrada no Senhor? Qual o desejo do seu coração ? Será um desejo que você pode entregar nas mãos do Senhor para que sejam satisfeitos?
Ó, que a bondade de Deus, em conceder-nos Cristo para que nele busquemos sua face, o conheçamos e dele nos agrademos, conceda-nos a graça de que o desejo de nosso coração seja a sua glória.
Esta é uma promessa que se cumprirá cabalmente naqueles que forem achados fieis no Senhor e dele se agradarem.
Amém.
Tiago Santos
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